Porque uma ideia sem pés nem cabeça pode ter pernas para andar!...................................este é o nosso lema.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A pega D'effassé

Área de negócio: Animação Cultural
Produto: Tauromaquia híbrida
Nome/Marca: Forcados Bailarinos de (acrescentar localidade)

A ideia de criar um grupo de "forcados bailarinos" pode ter pernas para andar. Seria um excelente pretexto para trazer um novo tipo de público às nossas praças de touros...e também uma forma de tornar as corridas um bocadinho interessantes, senão imagine-se a cena:...alguns acordes de piano (ao invés daquela corneta irritante) anunciam a entrada dos Forcados Bailarinos de uma Terra Qualquer...escusado será referir que a entrada "assemblé" do corpo de forcados é avassaladora muito contribuindo para isso os seus trajes peculiares onde a metade abaixo da cintura se assemelha em tudo ao de uma bailarina clássica. Ao fundo, do lado contrário ao do portão por onde sairá o bicho, um novo artefacto havia sido montado na arena...nem mais, uma barra. Os forcados não conseguem disfarçar alguma histeria quando se dirigem para a barra, excepto o cernelhier, que num "grand jeté" se coloca no centro da arena. Os forcados estão agarrados à barra, e praticam pontas e outros exercícios em movimentos síncronos. O touro entra de rompante na arena e, como sempre, imobiliza-se quando se apercebe da presença do cernelhier que, por sua vez, se aproxima ligeiramente do bicho em movimentos ritmados e graciosos. O touro continua imóvel...faz-se silêncio...ao contrário das pegas tradicionais, na pega "d'effassé" o cernelhier não chama pelo touro nem o incita a investir (até porque essa mania de chamar pelo bicho é uma perfeita estupidez, quantas e quantas grandes promessas de cernelheiro nunca pisaram uma arena por terem a voz fininha?)...adiante...o que resta da cena é fácil de imaginar...o cernelhier, em pulinhos "entrechat" compassados, vai subtilmente provocando o animal que resiste à investida durante horas, mostrando-se confuso com aquelas trocas de pés...a pega "d'effassé" é demorada mas muito bonita de se ver...até que, por fim, o touro decide encabestrar com violência e o cernelhier faz um encaixe quase perfeito, não fosse o involuntário arremesso para a bancada de uma das sapatilhas de ponta...o cernelhier aguenta-se de rabo ao alto e o seu saiote cobre quase por completo o focinho do bicho. Os restantes forcados bailarinos apressam-se em socorrer o companheiro mas não sem antes percorrerem o perímetro da arena em sucessivos "arabesques". Nesta altura o som do piano volta a irromper na praça e o rabejateur alcança a cauda do animal, encenando uma pose dramática, segurando-se com uma mão apenas e deixando-se arrastar pela arena num "effassé" fantástico. O público aplaude extasiado e conclui que pela primeira vez saiu de uma corrida de touros mais inteligente do que quando entrou.

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